O passado de um texto

27/10/2020

O passado de um texto, o antes de um livro, o milagre da conversa com os mortos, os ausentes, o mar da linguagem que me toca franquear para produzir o dizer que inclua minha leitura, isto é, minha insubmissão à língua que me habita. Haverá́ escritor que não atente contra a língua? Que, ao reinventá-la, não se insurja contra seus limites?

Há um momento muito particular nesse instante de escrita: a reunião de leituras distintas que, uma vez aproximadas, produz um big bang. Quero estar aí: quando dizeres estranhos se avizinham e posso então ser - por um breve instante, o tempo de uma passagem - a testemunha inédita que recolhe e comenta os ecos desse nascimento